sábado, 25 de fevereiro de 2017

Anti social? Eu? Imagina...


Olha, não sei vocês, mas eu tenho um problema sério, com humor e com algumas manias meio perturbadas.
Eu até tento ser simpática com todos, mas não é toda hora que estou na boa com o mundo.
Sou o tipo de pessoa que passa por você na rua hoje, com sorriso largo no rosto disposta a ficar horas ali, conversando, jogando papo fora, escutando o que você tiver pra desabafar e no entanto no dia seguinte desviar o caminho, só pra não ter que te encontrar. Ou passar do seu lado e fingindo estar vendo uma estrela belíssima de brilho raro, ou caçando borboleta, só pra não ter que te cumprimentar.
Eu sou assim, fazer o quê?
Segundo o psiquiatra, isso é coisa de bipolar.
E como sou bipolar mesmo, já nem me importo mais com rótulos.
No começo eu sofria muito com isso, pois eu fazia sem perceber e quando via já tinha perdido uma amiga. Mas com o tempo eu fui percebendo que se a pessoa parou de conversar comigo por isso, foi uma escolha dela e que eu nada poderia fazer para evitar. Na verdade passei a dar graças por isso.
Percebi que elas só se afastaram mais rápido, mas que hora ou outra elas iriam fazer isso, por qualquer outro motivo.
Outro sintoma da bipolaridade são as mudanças repentinas de humor. Eu vou do amor ao ódio em segundos e sou capaz de gritar com quem quer que seja e enfrentar o mundo quando estou na fase da mania. Uma vez eu cheguei a brigar com um homem maior que eu, na porrada, pois ele estava batendo na mulher. Eu perdi o senso do perigo e fui pra cima do cara. Embolamos no chão e eu posso ter apanhado um bocado, mas mandei o babaca pro hospital. E não me arrependo!

Tem horas que eu fico obsessiva pelas coisas e tudo tem que ser muito. Esses tempos atrás entrei numa paranoia de só comer doce de abóbora. Foram dias comendo doce de abóbora igual uma louca. Comprava potes de doce e comia de manhã, de tarde, de noite e de madrugada. Eu acordava no meio da noite pra ir assaltar o potinho. Aliás eu amo esses doces, os laranjinhas retangulares, sequinhos por fora e bem molinhos por dentro. Na verdade nem são de abóbora (descobri recentemente que são de batata com aroma de abóbora. Me senti enganada, mas continuei comendo. rsrsrs). Mas como todo o resto essa fase também. Não é que eu tenha enjoado ou algo assim, só parei de comer todo dia e toda hora. Agora eu estou na fase do brigadeiro.

Ahhh, também tenho mania de ficar guardando comida pra depois. Eu não sou acumuladora e odeio bagunça... Só não mexa na comida do armário sem minha autorização! Principalmente se eu tiver comprado algo que eu perguntei se alguém mais em casa iria querer e todos disseram que não. Sou rainha em guardar pacotinho com pouquinho e mesmo que eu não vá usar aquilo eu gosto de saber que tenho. No caso do doce de abóbora ainda tem uns dois no armário, vai que me dá vontade de comer de novo!
Sei que é uma mania horrível, além de muito egoísta, mas não consigo mudar. Sei que beira o pecado acabar jogando comida fora por que passou do prazo por que eu fiquei com dó de comer. Tem amigos meus que falam que eu me apego com a comida e crio um vinculo de afeto. Acho que um psiquiatra qualquer iria me mandar internar por isso, mas o meu psi é gente boa. Ele não estimula o hábito, mas não fica me crucificando. Até já tomei remédio pra isso, mas como não via mudança nenhuma no meu comportamento eu acabei deixando a medicação de lado e nutrindo ainda mais essa minha loucura.
Sou do tipo de pessoa que gosta de ter comida de estoque. Mesmo morando só eu, meu filho e meu marido (isso quando ele está aqui), eu gosto de comprar tudo de muito. Eu nem gosto de comprar nada de pacote, já compro loga a saca que sei que vai ter bastante e quando está com 1/3 do total eu tenho que comprar de novo;
Tudo tem que ser de muito!
Não ligo pra roupas e como tenho uma mãe meio compulsiva pra roupas, acabo nem precisando comprar, pois ela passa pra mim todas as que ela enjoa ou que não serve mais. E eu não dou a mínima pra isso... Fiquei 4 anos sem comprar uma única peça de roupas e isso não me afetou em nada. Já mercado... Eu tenho que ir todos os dias.
Bom, acredito que a bipolaridade veio antes da fibro, mas como eu só fui diagnosticada depois dela, não sei dizer ao certo. O fato é que eu sempre fui assim.
Sempre fui de fazer amizades fáceis e perde-las com a mesma facilidade que fiz, por causa das minhas manias.
E uma outra mania que eu tenho é a de me machucar, só pra ter o que cutucar até sangrar. Eu pego a pinça de sobrancelha e fico pinicando as minhas pernas, igual uma louca. Sou doente pra fazer isso, não posso ficar 10 minutos sentada sem ter o que fazer que eu ataco as pernas. Por isso que me obrigo a passar o máximo de tempo com a cabeça ocupada, pensando em outras coisas. Mas daí eu penso demais e quando percebo estou com a fibro atacadíssima por causa do estresse.
Eu sei que isso pode parecer bem estranho, mas sou assim. E já até tentei mudar, mas não consegui, e olha que me esforcei bastante. Mas...
Por isso eu já aviso, se um dia eu passar por você na rua, caçando borboletas, não fique triste ou brava com isso. Esse é meu jeito de não ser grossa com quem não merece minha grosseria. Sinta-se privilegiado por eu querer manter a sua amizade.


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