Um minuto, um movimento, um momento, um pensamento, uma palavra, um gesto, um deslize, um atraso...
Coisas tão pequenas e que afetam de forma tão definitiva as nossas vidas!
Um minuto a mais dentro do elevador te impede de conhecer o homem dos seus sonhos. Um gesto mal interpretado te faz perder um amigo. Uma palavra na hora errada te faz perder o homem da sua vida. Um atraso é o que te protege de um acidente.
A vida é feita de pequenas coisas que podem fazer a diferença e podem ser o que nos derruba ou nos alça ao mais alto degrau.
A fibro é só mais uma dessas pequenas coisas que vão se somando e sobrepondo e que no final nos deixam malucas de dor e de sofrimento. Mas você já parou pra pensar quantas vezes a fibromialgia te livrou de outras coisas piores?
Quantas vezes você voltou pra casa, chorando de dor e ficou quietinha, na segurança do lar, enquanto algo muito pior estava no seu caminho?
Nós que temos fibromialgia costumamos tentar carregar o fardo do mundo nas costas e muitas vezes não aguentamos nem mesmo o nosso próprio fardo. E com isso a frustração é inevitável!
Acabamos sendo, nós mesmos, o maior e principal gatilho de dor. E por quê? Por coisas tão pequenas que não valem a pena.
Pare e pense quantas vezes você sofreu por algo que não estava ao seu alcance controlar.
Somos assim, não é mesmo?
Mas precisamos aprender a puxar o freio nesses situações e segurar a vontade de abraçar o mundo. Temos que aprender que as coisas acontecem independente de nós, e a olhar para elas com menos culpa. Sim, podemos conviver com a fibromialgia de forma menos dolorida! Descobri que, invés de sofrer com cada dia difícil, é mais fácil eu agradecer por ele.
Se acordo com dores e não consigo sair da cama, antes de pensar em reclamar por não poder sair da cama, agradeço por ter uma cama que me permite não sair dela.
Se passo mal com a comida, agradeço por ter tido a comida daquele dia.
Se fico com raiva de alguém por qualquer coisa que tenha feito, agradeço por todas as circunstancias que me permitiram chegar até o ponto onde fui desagradada.
Ir ao hospital deixou de ser uma tortura quando parei de reclamar da postura dos médicos e comecei a aceitar que eu precisava trata-los com mais carinho. Hoje percebo que muitas vezes, por causa das dores fortes, eu simplesmente os tratava como nada e queria passar por cima do conhecimento que eles tanto estudaram pra adquirir.
Aprendi que nem sempre a medicação que eu considero a melhor, é a que vai me fazer bem naquele momento, e passei a aceitar sem discutir o que me era receitado.
Algumas pessoas podem achar que isso é algum tipo de submissão ou de fuga. Eu prefiro acreditar que estou dando ao universo exatamente o que ele espera de mim, e honestamente, comigo tem funcionado.
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