Só quem tem a fibromialgia sabe o quanto é excruciante ter que ficar indo e vindo de médicos e mais médicos até descobrir o que de fato temos.
Nesse caminho, muitas vezes nos deparamos com médicos péssimos, que nos tratam como se não passássemos de objetos de lucro, ou pior, como se fossemos seres loucos que querem chamar atenção.
Poucos são aqueles que de fato compreendem o nosso quadro e que nos tratam com humanidade e respeito. E é tão bom quando isso acontece!
Eu conheço os dois lados da moeda: De quem já teve convênio e de quem depende do SUS e posso afirmar que de ambos os lados a situação é a mesma. A única vantagem de se ter o convênio é ter mais liberdade para escolher o profissional que queremos que nos atenda, enquanto no SUS somos meio que "obrigados" a aceitar o que tem. E isso é o que o SUS pode ter de pior no que diz respeito ao nosso caso. As longas filas de espera do SUS também é um outro problema que merece destaque.
Aqui onde moro, uma consulta com especialista pode demorar até 1 ano pra acontecer, dependendo da especialidade e da disponibilidade do médico.
O reumatologista com quem eu passava mesmo demorava horrores... Foram longos meses de espera por uma consulta com um médico grosseiro e sem o menor tato. Consulta essa que não deu resultado nenhum, afinal eu já tinha o diagnóstico, e precisava apenas da renovação das minhas receitas, que ele não apenas não fez, como ainda deixou bem claro que ele não receitaria aquelas medicações pois ele não "gostava" delas. Ele simplesmente ignorou o fato de que eu usava elas e me dava bem, além de ter deixado bem claro pra ele que as que ele havia anotado na receita não tinham surtido efeitos positivos e ainda tinham causado sérios efeitos colaterais, super desagradáveis. E eu fui obrigada a ir embora pra casa sem medicação e com a afirmação de que ele é que era o médico e que eu não tinha conhecimento suficiente pra definir qual seria o melhor tratamento pra mim.
Em contra partida, o psiquiatra do SUS, um homem muito gentil e educado, foi de uma simpatia e generosidade sem tamanho, já logo na primeira consulta, sendo o oposto do meu psiquiatra do convênio, que era um homem frio e distante, que não se importava nem um pouco com o paciente.
O médico do SUS não só renovou as minhas receitas, como ainda me incentivou a buscar essas medicações de forma gratuita, fornecendo laudos médicos para que eu pudesse estar solicitando a medicação de alto custo junto a prefeitura de onde eu moro. As consultas com o Doc C (como eu o apelidei) não demoram menos do que 15 minutos e ele, todos os meses, pergunta como estou, como vai a família, se estou tendo resultado com a medicação, se quero mudar alguma coisa, se consegui pegar o remédio aquele mês, se disponho de recursos para comprar os do mês seguinte, entre tantas outras perguntas e gentilezas.
Nem preciso dizer que nunca mais voltei no reumatologista, não é mesmo?
A verdade é que precisamos ter um médico em quem confiar e com quem contar, afinal, muitas vezes nossa rotina inclui visitas tão frequentes ao consultório, que ali acaba fazendo parte da nossa rotina, e se temos no médico muito mais do que apenas o tratador, conseguimos melhor resposta do tratamento, afinal, temos a liberdade de conversar e mostrar o que nos incomoda, o que não dá certo, o que resolve. Quando formamos essa parceria, tudo melhora e até a nossa disposição para seguir com o tratamento aumenta.
Eu que tinha problemas sérios pra lembrar de tomar a medicação, me vejo hoje tomando tudo certinho, sabendo que posso confiar naquilo que meu médico prescreveu. Hoje ele me incentiva a fazer um diário onde anoto minha rotina, onde marco a medicação que tomei naquele dia, e quais os sintomas e sensações que tive, anoto minhas reações a medicação e também no que ela ajudou naquele dia, e o melhor de tudo é que ele lê o que foi escrito ali, ele presta atenção ao que estou contanto naquele caderno e usa como apoio para o meu tratamento. Depois disso, nunca mais esqueci de tomar uma dose da medicação.
Talvez eu tenha tido sorte, não sei. No convênio nunca tive o tratamento que o Doc C dispensa aos seus pacientes (todos eles) e o mais próximo que cheguei disso foi com um nefrologista que me atendia a cada seis meses, por que a agenda era extremamente cheia. O tempo de espera hoje, pra conseguir um horário com o Doc é de mais de um ano, mas depois que vc passa a primeira vez, dependendo do caso ele mesmo remarca a consulta para 30 dias depois, só pra não correr o risco da central de marcação te dar canseira por mais uns 3 meses.
Ele não sai da sala por nada e só para de atender quando o ultimo paciente foi embora.
Sei que pelo Brasil existem outros muitos médicos como ele, e desejo que todos vocês possam encontrar alguém que ame tanto a profissão, à ponto de se dedicar de corpo e alma na recuperação de seus pacientes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário